Do que o feminismo nos protege?

Do que o feminismo nos protege?

Essa pergunta me angustia há alguns meses. Primeiro, com o caso da adolescente Vitória. Na época, eu não tive recursos internos para elaborar escrevendo. Agora, com o caso da Bruna, precisei de alguns dias para nomear o que senti ao vê-la sendo seguida.

Uma cena que todas nós tememos, arrisco dizer.

É uma pergunta complexa, porque carrega história, lutas coletivas e estratégias de tantas mulheres que vieram antes de nós.

Isoladamente, o feminismo não garante proteção imediata nas ruas, em casa, nos carros de aplicativo, no trabalho ou mesmo nos espaços religiosos.

Então, para que serve o nosso feminismo?

A violência contra a mulher está nas estruturas sociais, econômicas e religiosas. O feminismo é ferramenta de enfrentamento desse sistema.

Silvia Federici nos ensina que a opressão tem raízes profundas, e que resistir é parte da nossa proteção.

É preciso que mais mulheres compreendam: o feminismo não é só um pensamento, mas um movimento político que busca a emancipação das mulheres diante do sistema em que vivemos.

E, para isso, precisamos caminhar juntas. Organizadas. Uma pela outra.

Como? Conhecendo nossa história pela perspectiva feminista.

Se hoje falamos, escrevemos e ocupamos lugares antes negados, é porque outras mulheres vieram antes e abriram caminho.

Tenho sido profundamente impactada pelo podcast Escute as mais velhas, com Sueli Carneiro e Neca Setubal.

Não estamos inventando a roda. O feminismo virou política quando mulheres se juntaram e suas ações coletivas se tornaram direitos, leis, proteção.

Bell hooks nos lembra que o feminismo também nos protege do silêncio.

Ao dar nome às violências, ele nos permite reagir. Existir.

Bruna, me dói profundamente que o feminismo ainda não tenha sido suficiente para proteger você, Vitória e tantas outras vidas.

Seguimos, em tua memória e de todas, lutando e nos protegendo.

Roberta Rocha

Psicóloga de meninas e mulheres | Terapeuta de casais e famílias | Facilitadora de encontros entre mulheres