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Estou desorientada




Esta frase, dita por uma mulher, traduz a sensação de tantas outras quando deixam de se orientar pela lógica patriarcal e começam a enxergar outras perspectivas.



Quando uma mulher se torna consciente dos impactos da socialização em sua história, mas não consegue sintonizar isso com o próprio comportamento porque seu corpo permanece soterrado pelo medo de perder aquilo que, supostamente, acredita ter. É um dos momentos mais complexos e sensíveis do processo: o sofrimento psíquico se revela.



Escutar mulheres é das coisas que mais amo fazer e também uma das mais difíceis.


Quem me conhece sabe da minha dedicação diária de escuta, estudos, os mergulhos em teorias feministas, a incansável busca por formar redes de apoio e ampliar possibilidades de amparo.



Há dias em que quase tocamos com as mãos os efeitos do patriarcado sobre a subjetividade e a identidade da mulher. Nesses dias, saio da sessão atravessada — tomada por uma mistura de dor, indignação e desejo de reparo.



Mas sigo.


Sigo porque antes de mim tantas mulheres não se calaram e fizeram da própria vida uma luta.


Mesmo quando ela ainda não consegue seguir, sigo com ela.


Por ela.


Com ela.




Roberta Rocha


Psicóloga de meninas e mulheres | Terapeuta de casais e famílias | Facilitadora de encontros entre mulheres

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