Marina Silva
- Roberta Rocha

- 28 de mai.
- 2 min de leitura

Marina é uma mulher fácil de se odiar.
É isso mesmo.
Tem mulher fácil de se amar e fácil de se odiar. Vou te explicar.
A começar pela aparência dela, que não está dentro de um padrão estético que a coloque em um lugar de ganhos e mais respeito. Sim, ser lida como bonita é ter algum valor agregado, mas não se pode aproveitar muito desse benefício, porque logo se é empurrada para outro lugar.
Mas voltemos a falar da Marina, uma mulher de origem pobre e negra — dois marcadores que chegam antes de qualquer fala.
Inteligente, centrada, ativista e assertiva, mulheres assim não são aceitas num espaço predominantemente masculino, branco e conservador como o Senado Federal.
Um lugar que, até 2016, nem sequer tinha banheiro feminino no plenário.
Um lugar feito por homens, para homens, e para alguns tipos de mulheres.
Não foi feito para Marinas, mas é confortável para Virgínias. Meio paradoxal. Mas real.
Num país onde a misoginia ainda não é crime, fica fácil odiar Marina, que não cede à pressão para ir ao lugar que querem: o de submissa, de quem serve e dá prazer.
Mulheres como ela assustam. E, quando eles se assustam, reagem com violência, o recurso dado e validado socialmente. Homens que odeiam Marinas não sabem argumentar. Eles atacam, mas dizem que estão se defendendo de algum exagero ou descontrole das mulheres.
Marina incomoda porque está lá, representando milhares de mulheres.
Ela não negocia seus valores, não cede à pressão de padrões de beleza ou de etiqueta impostos às mulheres. E sofre as muitas consequências de fazer do seu corpo um manifesto e ocupar um lugar de direito.
Eles odeiam Marina porque há muitas Marinas espalhadas por aí, ameaçando a lógica do poder deles.
E você? O que está disposta a fazer para ser a Marina que eles não suportam?
Vamos juntas.
Roberta Rocha
Psicóloga de meninas e mulheres | Terapeuta de casais e famílias | Facilitadora de encontros entre mulheres




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