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Então, quem?



Hoje escutei,


ontem também,


uma mulher,


fragmentada,


atordoada


desnorteada


pela violência.



Ela, ali na minha frente


sobrevivente,


recolhendo os caquinhos


que lhe restavam,


abaixei,


escutei,


e recolhi com ela


o que não é somente dela.



Hoje Maria,


amanhã Joana,


e depois Mariana,



Um dia foi


a minha avó,


a sua avó,


No outro dia


pode


poderá ser


a minha filha


a sua filha,


querida.



Homens,


hoje, amanhã e depois


eu lhes convoco:



até quando?


teu filho,


teu jogador preferido,


teu amigo,


teu vizinho


vai fragmentar uma


mulher, uma mãe,


uma criança?



Você diz:


mas eu não.



Seu amigo diz:


eu também não.



Então, quem?


Quem mata 4 mulheres


por dia?



Poema escrito por Roberta Rocha


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