Preparem os lencinhos

Preparem os lencinhos.

Parece ser só mais uma série de romance… mas é uma série que fala sobre o amor para além da relação de casal como centralidade, de um jeito que me tocou profundamente.

Primeiro, na delicadeza das cenas e cenários em que eles vão compondo a relação, com lealdade, cuidado e respeito pelos sonhos um do outro.

No encontro com o outro podemos até chegar por acaso, mas não sem referências, expectativas e histórias, não somente nossas, mas também das nossas famílias de origem.

A série tensiona esse encontro entre dois mundos, duas culturas, duas formas de amar e duas famílias que carregam tradições, crenças e preconceitos.

Há sistemas familiares tão rígidos que incluir o diferente soa como ameaça a uma estrutura que tem, supostamente, bases sólidas e inquestionáveis. Ser família, nesses contextos, é seguir reproduzindo e acumulando silêncios.

Outras famílias parecem mais flexíveis, mas são do tipo em que se abre apenas para aquilo que é semelhante. Estranham o convite ao movimento que o diferente faz, ora hesitam, ora abrem brechas.

Em nome do amor, da tradição e da religião, famílias sustentam discursos, crenças e julgamentos. Os não ditos gritam entre eles. Outras escolhem o rompimento como forma de sobrevivência.

É complexo. É doloroso.

Na série, Lino e Amy vêm de culturas tão distintas que, por vezes, parece impossível serem compatíveis. Persistem. Se escutam. Se acolhem. Sustentam-se na confiança, protegendo a relação das interferências familiares.

A vida vai acontecendo, os laços se formam, os nós se apertam de conflito em conflito. Até que uma situação extrema muda tudo, daquelas em que o que antes parecia importante deixa de ser.

São essas cenas que compõem o amor, o cuidado e o respeito de um lugar tão, mas tão bonito. Uma história sobre o poder do afeto, da escuta e da presença, quando amar também significa aprender a recomeçar, apesar de e por causa de. Sim, é ambivalente mesmo amar.

Me conta, já viu esta série?