Uma delicada coleção de ausências, no Clube do Livro
- Roberta Rocha

- 15 de nov.
- 1 min de leitura

Uma delicada coleção de ausências, de @alinebei , é um livro que fala do que permanece quando alguém se vai, da ausência de uma possível presença. Do que é possível ficar depois do pouco que não se teve, ou pior, daquilo que foi retirado antes mesmo de existir por inteiro.
A autora conseguiu narrar uma tragédia brutal de forma poética. Arriscou-se nessa linha tênue em que seria fácil romantizar o irrompível, mas manteve fidelidade ao que não poderia ser contado de outro modo, da forma como acontece frequentemente na vida de meninas.

A narrativa é contida, sem excessos.
Relata o ordinário, aquilo que se repete todos os dias e que, somado a um dia depois do outro, uma ausência após a outra, perguntas sem respostas, produz um impacto que é um abismo.
Um abismo que engole e, de algum modo, acolhe e se justifica. Ambiguidades.
Com delicadeza, a autora parte do presente e coloca quem lê junto de quem vive.
As páginas vão virando passado, algumas coisas se perdem no meio do caminho.
Eu me envolvi com as personagens, depois me julguei por isso. Mesmo podendo voltar às páginas, o irreversível já estava posto, narrado por ela. Eu queria poder voltar e perceber, sentir diferente. Ambivalências.
No final, que não é um fechamento, fica a ausência do que se fará presente para sempre, mesmo que se mova ao futuro, mesmo que tente fugir do passado.
Ausência carregada de presença
Presença carregada de ausência
Ambiguidade.
Ambivalência.
Roberta Rocha



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