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Dez dias em um hospício, no Clube do Livro

Mais uma leitura do Clube do Livro que atravessa algumas camadas de sentir por aqui.


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Nas minhas buscas sobre a relação entre a loucura e a história das mulheres, encontrei em 10 dias no hospício uma leitura que não poderia guardar só pra mim.



Em 1887, Nellie Bly se fez de “louca” para ser internada em um hospital psiquiátrico e denunciar, de dentro, as condições desumanas que tantas mulheres viviam. Ela transformou sua indignação em ato político e deixou para nós um registro que ainda ecoa forte.



Ler esse livro foi confirmar pesquisas que tenho feito em leituras mais teóricas. Ler a história de uma mulher contando sobre outras mulheres que foram excluídas, isoladas e expostas à tortura me faz, cada vez mais, me posicionar ativamente com rebeldia, contra a associação entre “ser mulher” e “ser considerada louca” quando subvertemos a normalidade que nos é imposta.



Essa leitura, com seus relatos, me entristece ao encarar a verdade de que, mesmo com

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alguns avanços no cuidado em saúde mental, seguimos enfrentando formas de silenciamento e exclusão que insistem em nos atravessar.



Indico porque acredito que ela nos ajuda a nomear dores antigas, reconhecer estruturas que seguem vivas e, sobretudo, fortalecer a nossa sanidade coletiva diante de tantas injustiças.



Talvez, mais do que nunca, precisamos seguir como Nellie: denunciando, escrevendo, costurando juntas um outro modo de existir.



Ler histórias de mulheres sobre mulheres tem sido uma escolha consciente e consistente desde 2017. Compartilho com outras mulheres no Clube do Livro, desde 2022, é uma das pequenas revoluções que cada vez mais podemos fazer.



Roberta Rocha


Psicóloga de meninas e mulheres | Terapeuta de casais e famílias | Facilitadora de encontros entre mulheres

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