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Férias lendo Annie Ernaux

Annie Ernaux, que eu já sabia ser uma grande mulher e escritora, estava no meu radar fazia tempo. Um dia, comprei vários livros dela na @livraria3x4



No começo do ano, li Édouard Louis e soube que sua escrita foi inspirada na forma como Annie conta suas histórias. Ao ler o livro dela, percebi muitas semelhanças entre os dois.



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Escolhi ler Annie nas minhas férias. O primeiro livro foi Uma Mulher, em que ela escreve, em fragmentos de memória, sobre sua mãe e a relação entre as duas. Annie afirma que o livro não se pretende uma biografia nem um romance. É algo entre literatura, sociologia e história. Escreve para si. Para se sentir menos solitária diante da morte da mãe.



Muitas passagens me tocaram, especialmente as que relatam a infância da mãe, a guerra, e como seus marcadores sociais e de gênero se projetaram nela como sonhos e possibilidades às quais ela mesma não teve acesso. É uma história misturada de amor, dor, atração, aversão.



É na adolescência que Annie conta que começa a se diferenciar da mãe. Se descreve como rebelde. A relação se distancia conforme a filha realiza, uma a uma, as conquistas que a mãe desejava.



Annie conta que, quando morava longe da mãe, ficava feliz ao revê-la, mas não sentia falta dela. Que, até se mudar para longe nos últimos anos, tinham uma relação mais conflituosa.



Outro trecho que me atravessou, talvez porque ressoa com o que tenho refletido, diz respeito a uma ética que o feminismo propõe para a relação com nossas mães. Uma ética que nos convida a compreender de onde elas vieram, a contar essa história olhando para além do individual, considerando-as também a partir do social, por terem sido soterradas por tantas imposições.



É uma leitura curta, mas profunda. Um relato breve, com conteúdo suficiente para nos convidar a humanizar nossas mães.



Roberta Rocha


♥️


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