Temos o direito de viver sem violência e temos uma lei para isso
- Roberta Rocha
- 8 de ago.
- 2 min de leitura

“Temos o direito de viver sem violência e temos uma lei para isso.”
Maria da Penha
Mas nem sempre é simples assim.
Porque a violência contra as mulheres é estrutural e, por isso, também é estruturante.
Ela está nas instituições, nas famílias, nas igrejas, nos relacionamentos, nas piadas, nas sentenças judiciais.
Está na forma como somos criadas, tratadas, desacreditadas e escutadas.
É sistêmica.
E, por isso, se repete.
Se normaliza. Se naturaliza.
A misoginia, que deveria urgentemente ser tipificada na lei, o ódio e o desprezo pelas mulheres, não é um sentimento individual. É uma engrenagem que move o silêncio, a culpa e a revitimização.
Os números escancaram essa realidade:
1 feminicídio a cada 6 horas.
1 est*pr0 a cada 10 minutos.
Mais de 32 mil mulheres vítimas de violência sexual só no primeiro semestre de 2024.
80% dos feminicídios cometidos por companheiros ou ex-companheiros.
Mulheres que buscam seus direitos muitas vezes são violentadas duas vezes: pela denúncia que precisam fazer e pelo sistema que deveria protegê-las, mas as pune por denunciar.
A Lei Maria da Penha é uma conquista histórica. Um ponto de partida. Foi sancionada após muita luta uma tentativa de feminicídio sofrida por Maria da Penha.
Mas uma lei, sozinha, não muda estruturas.
É preciso mudar consciências, vínculos, crenças.
É preciso escutar as mulheres, na clínica, nas delegacias, nas famílias, nos fóruns, de um lugar emancipador, não moralizante e patologizante.
E é preciso, com urgência, que os homens se organizem. Que encontrem uma forma de existir que não passe pela violência, pelo abuso, pelo controle, pela posse.
Roberta Rocha
Psicóloga de meninas e mulheres | Terapeuta de casais e famílias | Facilitadora de encontros entre mulheres
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