Dos meus escritos mais íntimos para cá
- Roberta Rocha
- 26 de ago.
- 2 min de leitura
(um texto sobre coragem, escrita e pactos comigo mesma)
Em 2023, comecei a colocar no papel uma ideia: transformar em história as histórias que escuto. O título do documento era rascunho do meu primeiro livro (desconsiderando um ebook sobre o ciclo menstrual). Minha psicanalista, na época, me lembrou: “Seu segundo livro”. Eu, meio sem graça, respondi: “Tá… meu primeiro romance”.
Foram vários encontros de diferentes Robertas com esse documento. Colocar no papel aquilo que até então habitava somente em mim tem sido um processo bonito, sagrado e complexo.
Um dia, entre idas e vindas, acordei e peguei o rascunho cheio de fragmentos de frases. Comecei a escrever uma história de mãe e filha. Não me importei com pontuação ou estilo. Eu só precisava colocar no papel aquilo que meu corpo já não dava conta de conter. Passei a escrever num ritmo que me fazia bem.
Até que uma voz — aquela voz — ganhou volume no meu diálogo interno:
“Não, não pode ser tão simples. Sentar e escrever? Você precisa de técnica, de um curso, de validação.”
Travei. Parei.
Voltei ao rascunho em 2024. E percebi: havia ali uma história boa de ser escrita e de ser lida. Afinal, eu sou leitora, posso dizer: essa história — a minha — é boa.
Vivi uma briga interna: me provar que poderia fazer sozinha ou pedir ajuda. Mas pedir ajuda significava dizer em voz alta: “Oi, estou escrevendo um livro”. Só de pensar nisso, eu desistia.
Reconheci que estava nos extremos: de um lado, “não preciso de ninguém para me validar” — não por acreditar nisso, mas por medo de ser lida. Do outro, “preciso de algo mais para escrever” — como se fosse preciso ter além do que já tinha.
Como acredito que o processo pode ser gentil, escolhi mulheres para me apoiarem. Contei para aquelas que caminham comigo. Hoje, parte do original está com uma das escritoras que mais admiro.
Tenho uma história. Estou escrevendo um livro. Quero ser publicada. Quero ser lida.
Compartilhar isso é um dos pactos mais bonitos que já fiz comigo mesma. Publicar aqui é coragem.
P.S. Quando reler este texto, sei que estarei agradecida pela Roberta de hoje. ♥️
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